A Exposição Agropecuária do Amazonas (Expoagro) ganhou sua 41ª edição na última quinta-feira (03/10) reunindo produtores focados em negócios inovadores, regionais e ecologicamente sustentáveis. Após um hiato de seis anos, a exposição – que está na memória de muitos amazonenses – voltou a acontecer.

 

O resgate da memória é especialidade do seo José Guerreiro, de 70 anos. Natural de Parintins, ele lembra quando começou a usar ervas e plantas da Amazônia na confecção de produtos naturais. “O que me fez trabalhar com essas ervas foi a necessidade. Eu tenho uma família, e teve um dia que eu não tinha dinheiro para comprar um pão. O que eu fiz? Eu chamei meu filho e a gente montou um trabalho com as plantas amarradas ainda, não dessa maneira como está aqui, já tudo industrializado, tudo bonitinho”, conta Guerreiro.

 

Com dezenas de variedades de plantas medicinais, a Casa de Ervas Medicinais do Guerreiro já atravessou o país e hoje funciona com dois pontos de vendas no município de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus). Os produtos mais procurados, segundo ele, são para o tratamento da diabetes, além de andiroba e copaíba, insumos naturais da Amazônia. Durante esta edição da Expoagro, que encerra neste domingo (06/10), a família do empresário pretende comercializar pelo menos 90% dos produtos.

“Eu trabalho em uma comunidade em Parintins que se chama Santo Expedito, dá cinco horas de viagem. Lá eu tenho uma pequena indústria desses produtos que estão aqui. Lá tem pessoas que são qualificadas para fazer o trabalho da industrialização. Aí, levamos para Parintins, onde colocamos na lojinha. Além disso, eu também tenho um espaço no Mercado Municipal de Parintins”, explica Seo José Guerreiro.

 


Opção sustentável – Da zona rural de Manaus, três comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista se uniram para vender produtos regionais na Expoagro. Centenas de famílias produtoras de artesanato, comida e até produtos de beleza estão comercializando seus produtos através da Brenda Monique, de 18 anos.

“Estamos começando com projeto de reciclável, materiais e artes recicláveis e naturais, como madeira e cipós. Também temos os produtos naturais de beleza, como sabonetes, sabonetes líquidos, pomadas, xaropes e também as balas que são feitas com castanha e cupuaçu. É um projeto inicial que a gente tá fazendo para que as pessoas não extraiam madeira, nem vivam de roçado, destruindo a natureza, mas sim convivam e trabalhem com ela”, explicou Brenda.

É a primeira vez que o grupo está expondo em uma feira. Há poucos meses o projeto já teve impacto social e econômico para várias famílias da RDS Puranga Conquista, uma das reservas gerenciadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Comunitários que antes viviam da extração ilegal de madeira, hoje já conseguem visualizar uma opção sustentável de ganhar dinheiro.

“A nossa expectativa é que aumente mais a produção, as encomendas e que a gente possa expor o nosso material não só na nossa reserva, mas em toda Manaus e todo o Amazonas, porque aqui tem gente de todos os lugares”, destacou Brenda Monique.

Negócio de família – Outra estreante na Expoagro é a Farofa da Elma. Um negócio que nasceu em família há pelo menos quatro anos hoje é uma das grandes promessas do evento. De castanha, camarão, agridoce, o sabor da farinha é você que escolhe. Elma e Aline Magalhães, mãe e filha, se orgulham do negócio sustentável e totalmente orgânico que colocaram no mercado, sem uso de produtos industrializados.

 

“É sensacional, é incrível, é muito bom para os negócios, para a vitrine do produto mesmo. A gente consegue expor, conversar com os clientes, fazer um estudo de mercado, identificar melhor quem é o nosso público e aumentar o networking, a gente consegue trocar muitos contatos que acabam se tornando negócios futuros. É muito bom”, afirma Aline Magalhães, filha da Elma e sócia no negócio da família.

 

A dupla trabalha com dois tipos de farinha, mas afirma que uma é especial: a famosa farinha da Comunidade do Uarini, que vem direto para o negócio da família. Segundo elas, o orgulho de comercializar um produto indígena e sem qualquer processo industrial torna o empreendimento muito mais especial.

“O nosso negócio são as farofas saborizadas, nós somos pioneiras na produção e desenvolvimento de sabores de farofa. Estamos com nove sabores no mercado, inclusive, aqui na Expoagro, a gente está fazendo o lançamento do sabor de coco agridoce, que não existe em nenhuma outra empresa que trabalhe nesse segmento”, destaca Aline.

 

Expoagro – A 41ª Expoagro até domingo (06/10), na área externa do Centro Universitário Nilton Lins, das 8h às 22h, com entrada gratuita. O evento envolve agricultores, pecuaristas, pescadores, amantes da área e empresários do ramo, com atividades como seminários, palestras e cursos com temas relevantes para o segmento. A expectativa é que a feira movimento R$ 30 milhões e atraia um público de 350 mil pessoas nos quatro dias.

 

FOTOS: Bruno Zanardo / Secom