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A Estação de Piscicultura de Balbina, em Presidente Figueiredo, – considerada a maior produtora de alevinos do Brasil – está sendo transformada no Centro de Tecnologia, Produção e Conservação de Recursos Pesqueiros do Amazonas (CTPC-AM). Vinculada à estrutura da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), a unidade vai atuar em três linhas fundamentais para o fomento da piscicultura na região, com ênfase no melhoramento genético das espécies.

A transformação da Estação em Centro, segundo o secretário de Produção Rural, Hamilton Casara, vem atender a nova Matriz Econômica Ambiental. O modelo econômico do Governo do Amazonas vem para fortalecer a economia local, o desenvolvimento sustentável e o setor primário, além de diversificar a economia do Estado ao potencializar as riquezas locais. No setor primário, a piscicultura e a fruticultura são as prioridades.

“A transformação da estação em um Centro vai garantir a genética e a sanidade das espécies que serão trabalhadas pelos piscicultores. A nova Matriz proposta pelo Governo do Amazonas vem ao encontro desse projeto que vai desenvolver a piscicultura na nossa região. Por isso, o Governo esta investindo nesse projeto da Matriz para impulsionar a economia local e trabalhar as potencialidades dos nossos municípios”, destacou.

A unidade já é um importante centro de reprodução de peixe e, com sua reestruturação, vai se tornar um centro especializado em transferência de tecnologia, treinamento e pesquisa, segundo o engenheiro de pesca e diretor do CTPC-AM, Geraldo Bernardino.

“O centro começa com a missão de gerar, adaptar, validar e transferir conhecimentos científicos e tecnológicos, socioeconômicos e ambientais para que possamos ter um ordenamento e desenvolvimento sustentável dos recursos pesqueiros e da aquicultura no Estado”, explica Geraldo.

Na estação, explica o diretor, são feitos todos os procedimentos para a reprodução de peixe em cativeiro. Nas incubadoras, uma espécie de berçário de alevinos, os ovos são fecundados para virarem larvas e pós-larvas, até transformarem-se nos filhotes e serem transferidos para tanques onde atingirão o tamanho necessário a serem entregues aos produtores em todo o Estado.

Só em 2016, segundo Geraldo Bernardino, a estação produziu 16,5 milhões de pós-larva de tambaqui e matrinxã. De lá saem alevinos e pós-larva para todo o Estado. Com a estrutura de Centro novas espécies passam a ser produzidas e estudadas, entre elas:  jaraqui, pirarucu, surubim e aruanã.

 

Melhoramento genético – Além da estrutura para a reprodução induzida de pós-larva e alevinos, o centro é dotado, também, de laboratórios de pesquisas usados para a análise de certificação. “Todo lote que sai da estação passa pelo processo de certificação para garantir a qualidade do alevino”, destaca Geraldo. As estatísticas internas comprovam alto grau de produtividade com perda de apenas 5% dos alevinos, ou seja, 95% conseguem atingir o ponto de comercialização.

“Toda tecnologia aqui emprega e gerada será direcionada para a sociedade através da capacitação dos produtores, de instituições e agentes ligados ao setor. O intuito é melhorar a produção dos piscicultores gerando renda, emprego e melhorando a sustentabilidade e a competitividade. Para isso a sanidade, a genética, a nutrição e a preocupação com o meio ambiente são alguns fatores que colocamos como prioridade”, completa.

Além disso, o melhoramento genético das espécies e as pesquisas podem ajudar a minimizar os custos de produção.

“O que queremos é que daqui saia uma tecnologia que possa ser adotado pela sociedade. Hoje temos um alto custo de produção com a ração que é muito cara. Nós temos que melhorar isso através da pesquisa que vai também nos dar espécies com desempenho melhores. Aqui podemos desenvolver estoques geneticamente melhorados e que podem ser colocado aos produtores”, destaca.

 

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Intercâmbio entre estados – A transferência de tecnologia, por meio de capacitações, já está sendo colocada em prática no Centro. Este mês, um grupo de alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IF-RR) passou uma semana na unidade aprendendo técnicas de reprodução de duas espécies: tambaqui e matrinxã. De acordo com o engenheiro de pesca e professor do Instituto, Lucas Comassetto, a troca de tecnologia e conhecimento ajuda na capacitação dos alunos.

“Eu fique surpreendido positivamente com a metodologia e a prática que vem sendo desenvolvida no Centro. No Estado de Roraima não temos nenhuma estação pública que atenda essa necessidade de capacitação ou de distribuição de alevinos. A piscicultura no estado é muito recente. Não temos cadeia produtiva totalmente formada, por isso essa capacitação é importante até para os professores que acompanham”, destaca.

A estudante Eduarda Ferreira, volta para Roraima com a certeza de que a prática vai ser um divisor de águas para a profissão.

“Essa é uma experiência única. Apesar de ser de um instituto federal que nos dá grandes oportunidades, aqui é que estamos tendo contato com a reprodução. A gente aprendeu como se faz, como se estivesse trabalhando para um produtor. Tenho a certeza que agora eu posso dizer que eu realmente aprendi alguma coisa”, comentou.

 

Fotos: Lucas Silva/Sepror